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Um estudo publicado no jornal Radiology sugere que videogames podem ser usados para estimular pontos estratégicos no cérebro de pacientes que sofrem de esclerose múltipla (EM). Ao jogar, pessoas que enfrentam o problema estabelecem conexões neurais que retardam o avanço da doença.

A conclusão foi feita com base em mapeamentos cerebrais por Ressonância Magnética (RM). Os estudiosos do Departamento de Neurologia e Psiquiatria da Universidade Sapienza, em Roma, identificaram os efeitos no tálamo (estrutura responsável pela organização cerebral e possui fortes ligações com o córtex) de 24 pacientes com EM por meio do jogo de Nintendo DS – Brain Age.

Os pacientes que apresentavam problemas cognitivos foram submetidos ao programa de reabilitação com sessões de 30 minutos de jogo, cinco dias por semana, por meio de jogos de memória, quebra-cabeças e outros desafios mentais.

Jogo de Nintendo DS – Brain Image, que foi utilizado como ferramenta de melhora cognitiva dos pacientes com EM. (Crédito das imagens: Nintendo.com)

Os participantes foram avaliados com testes cognitivos e exames de RM, durante e após os os jogos. As imagens radiográficas de quando o cérebro se encontrava em estado de descanso, ou sem estar focado em uma determinada tarefa após os jogos, fornecem informações importantes sobre a melhoria na conectividade neural cerebral.

“A RM Funcional permite que você estude áreas cerebrais que estão simultaneamente ativas e dá informações da participação de certas áreas com circuitos cerebrais específicos”, explica o pesquisador Dr. De Giglio. No acompanhamento, os 12 pacientes do grupo tiveram evolução nas funções de conexão do tálamo, em áreas que correspondem aos setores mais importantes da área cognitiva.

A presidente do Conselho Nacional de Técnicos em Radiologia (CONTER), Valdelice Teodoro, esclarece que tratamento não se resume a medicação e recomenda o uso de terapias para a reabilitação de pacientes. “O uso da tecnologia para oferecer entretenimento ao paciente pode acelerar uma recuperação ou até mesmo reestabelecer um quadro de saúde. Devemos estudar e usar as ferramentas possíveis para atender os pacientes”, opina.

Confira o estudo na íntegra (em inglês).

Saiba mais

> A Esclerose Múltipla (EM) é uma doença do sistema nervoso central, que resulta em danos nas partes que protegem as fibras nervosas, e inclui sintomas como fraqueza, rigidez muscular e dificuldades motoras, sensitivas e de pensamento. De acordo com a Fundação de Esclerose Múltipla dos Estados Unidos, a doença afeta cerca de 2,5 milhões de pessoas em todo o mundo. No Brasil, a Associação Brasileira de Esclerose Múltipla (ABEM) estima 35 mil pessoas com EM.

> Veja as considerações da Sociedade Radiológica da América do Norte (RSNA) sobre o estudo.