No dia 26 de abril de 1986, uma madrugada de sábado para domingo, uma equipe de operários realizava alguns testes no reator 4 da Usina de Energia Atômica de Chernobyl, na Ucrânia, com o objetivo de aumentar a segurança da unidade. A tentativa, contudo, devido a uma sequência de erros, culminou em diversas explosões que lançaram na atmosfera 500 toneladas de combustível, 700 toneladas de grafite e gases radioativos, em um vazamento que durou cerca de 10 dias. Isso foi suficiente para causar uma das maiores tragédias da humanidade.
O acidente não foi prontamente comunicado e as primeiras evidências anunciadas fora das cidades vizinhas só aconteceram no dia 28 de abril, a 1600 km, na Suécia, por funcionários de uma outra usina nuclear que apresentaram indícios de contaminação nos sapatos e roupas. O fato era sinal de que a nuvem radioativa se espalhava com rapidez pela Europa, principalmente, na região da antiga União Soviética, que atualmente abarca Belarus, Ucrânia e Rússia.
No total, quase 8,4 milhões de pessoas nessas áreas foram expostas à radiação. Cerca de 116 mil pessoas foram removidas da área na época e outras 230 mil foram evacuadas nos últimos anos. A Agência Internacional de Energia Atómica (IAEA, em inglês) reconhece 50 mortes entre as equipes de resgate de emergência no local do acidente, seja de síndrome de radiação aguda em 1986, ou devido a outras doenças após a exposição. Além disso, aproximadamente 4.000 crianças e adolescentes contraíram câncer de tireóide, devido à ingestão de leite e outros alimentos contaminados. Por fim, foram 4 mil o número de mortes atribuídas ao acidente de Chernobyl.
Para não ser esquecida
O presidente do CONTER, Manoel Benedito Viana Santos, acredita que a tragédia deve ser lembrada sempre, para um uso consciência das radiações. “Chernobyl ainda hoje nos rende estudos que pautam as regras de radioproteção. Estudos revelam que a tragédia pode ter causado 5 mil casos de câncer de tireoide em toda a Europa. O Comitê Científico sobre os Efeitos da Radiação Atômica (UNSCEAR) analisou casos que aconteceram até o ano de 2015”, avalia o Manoel Benedito.
Ele se refere a uma pesquisa da UNSCEAR que mapeou cerca de 20 mil casos de câncer de tireoide que foram registrados entre 1991 e 2015, envolvendo pessoas que tinham menos de 18 anos em 1986 e que viviam nas áreas atingidas. O Comitê revelou que um quarto de todos os casos de câncer de tireoide entre pacientes que eram crianças na época do acidente são provavelmente consequência das altas doses de radiação recebidas durante e após o desastre.
“Guardadas as devidas proporções, é necessário estar atendo porque existe dois conceitos denominados dose acumulada e efeitos tardios. Em suma, quer dizer que a radiação a que somos expostos é cumulativa e um eventual excesso de exposição pode gerar problemas muito tempo depois do ocorrido. O profissional exposto pode evitar isso tomando as medidas protetivas necessárias ao trabalho com radiação”, finaliza o presidente do Conselho.
FONTE: Site do Conter