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Na década de 30, quando a tuberculose matava por falta de diagnóstico, especialista brasileiro desenvolve exame de imagem para detectar a doença nas fases iniciais

Em vários momentos, o Brasil se torna protagonista da história da Radiologia. No ano de 1936, o médico Manuel Dias de Abreu (1894-1962) ganhou destaque internacional ao propor um método rápido e barato de realizar exames do tórax, o que facilitou bastante o tratamento de doenças pulmonares.

Abreu batizou a técnica de Rontgenfluorografia (fotografia de raios X), em homenagem a Wilhelm Conrad Röntgen. Entretanto, em 1939, no I Congresso Nacional de Tuberculose no Rio de Janeiro, foi popularizado o termo “Abreugrafia”, em homenagem a esse importante pioneiro.

Bem, naquela época, o diagnóstico da tuberculose em estágio avançado estava vitimando as pessoas e despertou em Manoel de Abreu o interesse de estudar a doença em estado inicial, para ver se reduzia o índice de mortes.

Mas, isso só seria possível se houvesse uma drástica redução no custo do exame. Na década de 30, com a invenção do Écran de Tungstato de Cálcio, as condições se tornaram viáveis.

A Abreugrafia era um exame que consistia em fotografar a tela de uma radiografia de tórax, em filmes de 35 ou 70 mm. O custo do diagnóstico caiu, uma vez que o filme fotográfico era mais barato que as tradicionais chapas radiográficas da época.

Um ano após conseguir bolar a ideia, Abreu construiu o primeiro aparelho para realização de exames torácicos na “Casa Lohner” (RJ). A máquina foi produzida pela filial da Siemens, uma das primeiras empresas do mundo a desenvolver e investir em equipamentos de raios X. Na mesma ocasião, foi inaugurado o primeiro serviço de cadastro torácico, em 1937.

O inventor da Abreugrafia se formou na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro (1913). Depois, resolveu aperfeiçoar seus conhecimentos na Europa, onde passou por diversos hospitais franceses chegando, inclusive, a dirigir o Serviço de Radiologia da Santa Casa de Paris (1916).

Por sua contribuição à Medicina, Manuel Dias de Abreu foi indicado ao Prêmio Nobel de Fisiologia/Medicina, em 1946. Em 30 de janeiro 1962, veio a falecer, vítima de câncer no pulmão. Em homenagem ao médico, em 4 de janeiro, se comemora o Dia da Abreugrafia.

Por conta da evolução tecnológica, das taxas de dose empregadas e as limitações da técnica, a Abreugrafia acabou caindo em desuso há várias décadas.

01/11/14